MACAPÁ: QUEM TE VIU, NÃO TE VÊ
José Fernandes
O que temos a comemorar? 250 anos se passaram, e o que temos?
Aproveito o momento para convidar o leitor a fazer um simples teste: de olhos fechados aponte com um dedo no mapa da cidade de Macapá, aleatoriamente, óbvio, como eu mesmo estou fazendo, depois abra os olhos e veja que rua ou avenida você apontou, então, diga qual é a situação do logradouro apontado, com sinceridade.
Para não ir muito longe, imagino que estou de frente para um mapa de Macapá, e de olhos fechados apontei a Av. Pantaleão Gomes de Oliveira, e, coincidência, é onde moro, localizada no São Lázaro. O que temos?
Avenida totalmente esburacada, intransitável. Parafraseando nosso ilustre poeta Alcir Araújo “É mato por todo canto” sem o “canto por todo mato”, porque quem mora ali, como eu, não tem motivos para cantar, e olha que ela é uma das principais vias do bairro, ligando-se diretamente ao Infraero I.
Não sou muito bom em distancia, mas acredito que a avenida Pantaleão não dê 500 metros de comprimento, no entanto, a falta de urbanização é total.
Feito este apertado apanhado, voltemos a você, leitor, que rua ou avenida seu dedo apontou, sem importar o bairro? Mato Grosso, Leopoldo Machado, Jovino Dinoá, Tembés, Vereador Julio Pereira?
Preciso dizer alguma coisa que já não disse sobre a avenida em que moro?
No entanto, tivemos dias melhores, cidade bem arborizada, ruas bem traçadas, sem buracos, asfaltadas e sem ondulações e/ou imperfeições, verdadeira “JOIA DA AMAZONIA”, título à época bem merecido.
Não sei de onde o ilustre cantor, compositor e poeta Zé Miguel foi buscar tanta inspiração para fazer música tão linda em homenagem a Cidade de Macapá, intitulada “Pérola Azulada”, não consigo ouvir sem me emocionar, pois como amapaense, nascido e criado em Macapá, sou perdidamente apaixonado pela minha cidade.
Mas somente os olhos de um grande artista como Zé Miguel pode ver Macapá como uma linda Pérola Azulada, visto que nem o Rio Amazonas tem essa cor, quanto mais as ruas, avenidas, travessas etc., têm o brilho e a beleza tão bem retratadas pelo compositor.
Lamentavelmente a retrospectiva que faço não é nada boa e o futuro que se avizinha promete ser pior ainda, com a favelização da Cidade, portanto ao invés de comemorar só me resta lamentar, que transcorridos 250 anos, percebo que Macapá andou, está e continuará a andar para trás.